segunda-feira, julho 30, 2007

Vício com V de vício


Mais um dia. O Sol parece ser o mesmo, apesar de se esconder atrás das nuvens. Tenho a impressão que vou esperar por ti até que voltes. Não me importa o tempo perdido, sem nada para preencher o quarto vazio. Já não me importa o nada nem me faz confusão deixar de respirar ar fresco, longe de ti. Muitas vezes ainda fazia algo que me preenchesse os sentidos. Sinto que deixo de ser eu para ser tu, para que tu prevaleças, para que o teu nome tenha mais relevo que o meu. E mesmo escrevendo, usando a lógica e a verdade dos momentos, não consigo mudar. Todos os dias olho para ti e sinto que me vais ganhando terreno – consegues ser mais forte que eu em tudo o que eu queria ser mais forte que tu. Desconheço o berço desta força que se apodera de tudo o que nos sustém. A cada dia que passa sei melhor os traços das tuas mãos, os caracóis definidos do teu cabelo, a tua pele mais que morena. Ganhaste a supremacia da minha vida, o que eu nunca pensei que fosse possível. Entrego-me mesmo quando não há sentido. Penso que da próxima vez será melhor. Acomodo-me ao meu vício de ti. É uma doença que não conheço a factível cura. A ausência de mim faz-me doer. As minhas cores perdem a beleza – olho-me ao espelho e vejo um espectro deixado ao acaso quando tu não estás. A garra, se a tive, não a encontro mais. Fácil é continuar para ti aquilo que nunca fui para o mundo.

É este o drama de muitas mulheres.

3 comentários:

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Gosto muito do que escreves.

Embora te movas sempre dentro do mesmo tema, consegues lhe dar um estilo muito teu.

beijo

Anónimo disse...

Isso porque ela escreve sobre o que sente minha parva. Move-se sempre dentro do mesmo tema... Tem é alguem que a magoa demasiado

Maria Inês Rafael disse...

E que tal identificares-te do que passares o tempo a esconderes-te por detrás de um anonimato e falar da minha vida como se tu conhecesses muito bem?