
Não gosto de prender as pessoas que amo – isso seria sinónimo de perde-las com o passar do tempo – ninguém gosta de se sentir preso aos seres, ao tempo e aos hábitos. Normalmente, adquire-se melhor o costume de gostarmos de ficar atados às memórias e ao passado, para a partir deles construirmos o actual presente. Após uma obsessão, advém as repercussões desse mesmo acto, infiel às necessidades que o mesmo tem em cada um. Sabe melhor quando somos livres, deixados ao acaso, mas seguros em linhas invisíveis, infiltradas com sentimentos fortes e eloquentes, e somente com essas linhas seremos capazes de deixar o outro partir, sem destino, sem saber se o vamos ver daqui a uma hora ou daqui a um mês. A razão do sentimento, a fluidez de o expressarmos, é a forma do coração deixar de esperar algo mais, basear-se apenas na sua carência face ao outro. Quando se tem a vontade de se ir embora, deve-se ir, seguir os sentidos, deixar meio mundo perdido atrás das costas, pensar que se volta com a outra metade descoberta, com bagagens de memórias inesquecíveis, guardadas em nós, e vão construir o presente e o porvir. A imprevisibilidade acode à necessidade de não se prender os que nos significam mais que um nome, mais que uma saudade, mais que uma recordação – mais importante que isso, o que suprema é somente a sua essência em nós, a capacidade que tem de nos encher de histórias, palavras marcadas, preencher o espírito com um ar novo e absorvente. As sensações não seriam as mesmas se deixássemos o corpo estendido no mesmo lugar, o seu aroma não teria a mesma importância e a cor da pele, dos olhos, do coração e dos sentidos, perdiam-se na paisagem envolvente. Por isso, deixa-os livres, para voltarem intactos.

2 comentários:
Ok, concordo com o que dizes, acima de tudo. Mas será apenas sinónimo de medo de as perder? É óbvio que adquirem a sua importância na vida das pessoas, ou não tivessem elas personalidades "fantásticas", de encher o olho. Apesar de ser uma contradição, concordo contigo no ponto em que, talvez deixá-las livres, vai fazer com as pessoas aprendam a viver sem a rotina da dependência social. Mas vamos esperar que o tempo nos diga a verdade, se uma contradição, se uma realidade.
"Uma névoa já tinha caído sobre a minha vida e, estranhamente, não era mais o mesmo. Eu, sempre tão agarrado à minha personalidade e tão convicto da sua individualidade.
Por qualquer razão surgiste, e nem sabes quão importante foi a altura em que o fizeste - precisamente no culminar do desespero.
Nunca antes na minha vida eu me tinha descontrolado, e estava a perder-me completamente.
Mas tu vieste.
Apreendi pormenores só teus e reencinaste-me o significado da amizade.
Identifiquei-me em ti, e hoje começa a doer profundamente se sei que algo te magoa.
Incutes-me o instinto de protecção, estimulas-me o carinho e a preocupação pelo teu bem.
Obrigado por um tudo
Obrigado por teres surgido
Adoro-te *"
Era para ti, siimm..
Enviar um comentário