sábado, dezembro 22, 2007

Exigência é excelência

Quando se exige, na primeira perspectiva positivamente fundamentada, é porque a quem se vai exigir terá a capacidade de ser exigido e, porventura, chegar à própria excelência. Grosso modo, a exigência está subjugada à excelência. Numa questão pouco positiva ou estado de inadequação ao acto de ser exigido a, surge o dessassosego por não se atingir a perspectiva pensada em primeiro grau, ou tão simplesmente não se ter condições físicas e psicológicas para alcançar o pretendido pelo próprio ou por outrem. Por outro lado surgirá a condicinante de, quem está a ser exigido não ter a noção disso mesmo, e, consequentemente, de quem está a exigir ponderará o seu comportamento face à advertência verificada. Teremos de meter em reflexão a diferença no modo de ser de cada um, que, por si só condicionará todo o processo. A exigência não se trata de necessidade mas sim de acreditação no acto de agir, em Existência pura. A exigência é condição de Existir, e Existir é exigente. Exigência é excelência.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Minorias Étnicas

Os protestos que temos observado à escala mundial, ocorridos na Birmânia, reforçam uma ideia que a “força política” tenta absorver – a ausência de regimes democráticos. O Presidente dos Estados Unidos considerou que a comunidade internacional deve ser um porto de abrigo do povo birmanês, na medida que o objectivo será impor o fim do uso da força contra o mesmo, que exprime, de forma pacífica, o desejo de mudança. Todas as nações civilizadas têm a responsabilidade de apoiar o povo birmanês, que sofre sob um regime militar, em desabono aos Direitos Humanos mais básicos – a liberdade. Bush afirma também que não ficará passivo quando o regime birmanês tentar calar a voz do seu povo, pela repressão e intimidação.

O contínuo desenrolar de protestos anti-governamentais a que se juntam milhares de civis, verificados na Birmânia, são a consequência da união daquele povo, lutando contra a Junta Militar, mas encontrando algumas adversidades – impedimentos das manifestações – que resultaram na detenção de milhares de indivíduos e duas dezenas de mortes registadas, entre elas, um fotojornalista japonês, Kenji Nagai.

Através destes acontecimentos de carácter étnico, podemos considerar que ainda nos encontramos num período em que a supremacia de certos poderes (políticos, sociais e culturais) prevalecem, a fim desses ganharam a supremacia e, como consequência, deteriorarem as minorias que tentam afirmar-se num mar de tubarões ferozes. Cabe-nos a nós, sociedade em geral, responder, pelos meios da democracia, de uma forma capaz e solúvel, orientando as ideologias divergentes entre um grande e um pequeno – o voto no mundo ocidental é uma respeitável arma, mas há interesses que emanam de raízes, por si, fortemente implementadas em ideais gastos. O mundo é um jogo de interesses sucessivos e, nem sempre ganha o melhor, mas o que tenta patentear ser o melhor. Filho Bush foi eleito, através do voto democrático.

Uma Gota



sábado, novembro 03, 2007

E aqui que te fazes melhor que ontem. Hoje terás que me vencer e vencer o medo de te voltar a ver.

sexta-feira, novembro 02, 2007

Nada de Ti


Se pensas que não vais sofrer,

Acabas por morrer.

Pedaço de gente,

Som mudo,

Dás-me frio do mundo.

Não sabes o amor.

Não queres também a dor.

Não vais saber em ter,

Vontade de amar,

Não sabes usar.

O tempo come-te o sorriso.

Ver-te entristece o sentido.

Não vais dar em nada.

Não sabes sentir o Sol.

O calor do corpo,

Abalas num sopro.

O teu mundo vai cair.

Não sabes mentir,

Existir.

Nudez da tua alma,

Queimo a tua calma.

Melhor que tu,

O nada.

Infinita descrição,

Pedaços de ti,

Sem mim.

Isto é demais para ti,

Escrevi o Fim.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Enquanto

Enquanto os ponteiros do relógio não param, o tempo vive. O mundo espera o som da coragem.

domingo, outubro 21, 2007

Sem Título

Há vezes que temos de saber qual o nosso lugar e o papel que fazemos.
No entanto, sem saber porquê, nunca se sabe porque não se sabe. E nem quero saber porque não sei. Não importa saber, normalmente, para a dor sem menor; sem pressas, o tempo corre e não pára. Se não entender agora, entenderei mais tarde. Não importa também o tempo que vai demorar. O "demorar" faz parte do jogo, e enquanto demora, o tempo corre ao lado do jogo. É feio dizer que o tempo é jogo, que a vida em si é jogo. Que as relações pessoais sejam isso também. E não dar importância é morrer. É perder. É não saber Ser.
No continuar da questão, há mais vida que corre, não é só o tempo, não é só o jogo. Tudo anda, nada pára. Agora é mais rápido, mais rápido e não pára. Vou até não saber onde. E onde fica o onde? Vou esperar pelo correr do tempo, o correr eterno do tempo. Sem jogo, porque jogar é feio, quanto mais jogo no campo das relações pessoais. Vou esperar então, há necessidades mundanas que precisam de ser seguidas com muita atenção. O homem é algo disto.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Liberdade de Ti

Eu danço contigo no tempo
E o tempo é o melhor amigo
O tempo é liberdade
O tempo é vontade

O sorriso que seduz
Move o mundo parado
Esta rua é despida de ti
O teu nome não se reproduz
Tu já não és a luz
A luz que me seduz

Eu não sei se sabes de mim
No fundo nem de ti
O amor faz-se longe daqui
Longe de mim

Não queiras a minha vontade
Aquela que nos fez
Eu sou liberdade
Tu és projecto mudo
Um som de vazio
Uma metade

Se queres correr
Corre até morrer
O desgaste consome-nos
Mas não servimos para ser insanos
E o que mata, mói
E dói, dói o silêncio
Faz-te ouvir
Faz para sorrir
A maior vitória
É o poder
Tu acabarás por vencer.

sábado, outubro 13, 2007

Com segredos

A noite é quente como o toque na pele de quem se ama. Há estrelas, bem luzentes em torno daqui e dali. Um corpo perdido num fumo de cigarro, tudo desaparece ao sabor da música. Há sensações inexplicáveis. Ninguém por perto, como se o mundo fosse apenas de uma pessoa. As palavras saíam, quase em desespero, para sentir a leveza do ser. Tudo explode, nos limites do tempo. O silêncio é o melhor amigo da mágoa. Os segredos são fúteis, há testemunhas deles naquelas paredes. Não se sabe o seu final, nem tão pouco o início de algo mais numa vida.

quarta-feira, outubro 10, 2007

"Eternamente"

"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares.

Sou.

Sou dia que corre, dia que anda, dia que foge. Sou tempo escorregadio. Sou viver no tempo, sou ontem, sou hoje, sou amanhã. Sou viver por todo o lado, por todas as ruas que gosto, por todas as ruas que gosto menos, por todas as ruas que não gosto nada. Sou sacrifício. Sou estrada. Sou sinceridade. Sou partículas, diferentes, que falam ao mundo e que falam do mundo. Sou eterna paixão das palavras. Sou intensidade. Sou melodia de guitarra que toca sem piedade. Sou vontade. Sou coragem e realidade. Sou o que me prende aos outros. Sou responsabilidade. Sou espontaneidade. Sou sons dos sentidos desmedidos. Sou emoção, chegada e quebrada. Sou inimiga da rotina. Sou sítio onde as mãos se dão. Sou silêncio. Sou Porto e Tavira, Tavira e Porto. Sou ambição. Sou pôr-do-sol. Sou jornalismo. Sou amarelo. Sou persistência e devoção. No fundo, sou um pouco do que os outros também são.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Se queres

Se queres deixar parte de ti por sítio algum, deixa de uma única vez, na voz de um único sopro, numa exclusiva vontade. Não voltes a tocar-me, desaparecemos ao mesmo tempo que os passos, em direcção à ausência que deixam o silêncio falar, como se fosse mais um adeus de mais um momento da minha/nossa vida.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Mais


Mais que um nome, uma presença.
Mais que uma força, um alicerce.

quarta-feira, setembro 19, 2007

O Essencial de Mim


Quando tentamos ouvir uma voz que teima em não falar, ficamos de mãos dadas com o silêncio. Não é que ele não tenha importância, mas em momentos destorcidos, não existe maior aconchego do que aquilo que é essencial para nós. No entanto, mesmo que não queiras falar para mim, ainda consigo sentir o peso do teu corpo, a tua textura lisa. Perdoa-me este desejo imenso de voltar a ouvir quem sou. A imensidão do teu poder assusta-me, de tal modo que, agora, nesta noite vazia de ti, não peço mais que uma partícula do teu som. Há ligações incompreensíveis com a Arte.
(Ao escrever este texto, inspirei-me numa outra imagem, pelo que esta não é a melhor tradução das palavras).

segunda-feira, julho 30, 2007

Vício com V de vício


Mais um dia. O Sol parece ser o mesmo, apesar de se esconder atrás das nuvens. Tenho a impressão que vou esperar por ti até que voltes. Não me importa o tempo perdido, sem nada para preencher o quarto vazio. Já não me importa o nada nem me faz confusão deixar de respirar ar fresco, longe de ti. Muitas vezes ainda fazia algo que me preenchesse os sentidos. Sinto que deixo de ser eu para ser tu, para que tu prevaleças, para que o teu nome tenha mais relevo que o meu. E mesmo escrevendo, usando a lógica e a verdade dos momentos, não consigo mudar. Todos os dias olho para ti e sinto que me vais ganhando terreno – consegues ser mais forte que eu em tudo o que eu queria ser mais forte que tu. Desconheço o berço desta força que se apodera de tudo o que nos sustém. A cada dia que passa sei melhor os traços das tuas mãos, os caracóis definidos do teu cabelo, a tua pele mais que morena. Ganhaste a supremacia da minha vida, o que eu nunca pensei que fosse possível. Entrego-me mesmo quando não há sentido. Penso que da próxima vez será melhor. Acomodo-me ao meu vício de ti. É uma doença que não conheço a factível cura. A ausência de mim faz-me doer. As minhas cores perdem a beleza – olho-me ao espelho e vejo um espectro deixado ao acaso quando tu não estás. A garra, se a tive, não a encontro mais. Fácil é continuar para ti aquilo que nunca fui para o mundo.

É este o drama de muitas mulheres.

sábado, julho 14, 2007

Viajo em ti


Viajo no tempo em nome de ti, como se em cada segundo vivido permanecesse o sabor da eternidade.

Num leve respirar, oiço o bater das ondas perto dos meus pés.

Gosto de ficar perto do mar, desta imensidão que respira o teu corpo, perto de ti. Aqui é o teu lugar e metade do meu também.

Divido a melodia.

Acordo os sentimentos que adormeceram em vão.

Mas não foi em vão que te comecei a amar.

Os sentimentos nunca conseguiram descansar, nunca deixaram a velocidade dos meus impulsos e das tuas palavras.

Chamo no silêncio da noite cada letra de cada palavra que completa a frase da nossa vida.

Não me acostumo ao facto de dividir o escuro sozinha.

Agora demoro mais tempo a adormecer – tenho medo de ganhar ao silêncio.

Escondo-me, no meio da multidão de gente, para que ninguém me veja.

Vou continuar a caminhar, sem direcção definida, em viagens seguras que nos transportam pela essência da saudade, a minha fiel companheira de horas perdidas.

terça-feira, julho 10, 2007

Sons da minha voz muda

Nunca gostaste de fazer um esforço para me compreenderes, é sempre mais fácil julgar-mos os outros sem que entremos no seu mundo, caso as portas estejam abertas, como é óbvio, mas nunca quiseste correr esse risco e, agora que não há mais nada para fazer, posso-te dizer que o caminho estava aberto para ti. Sabes o quanto eu preciso que me venham procurar, chamar o meu nome, ouvir-me, que não seja apenas o próprio silêncio. O mundo da pessoa que temos ao nosso lado pode ser tão distinto ou idêntico ao nosso, mas uma das maiores magias da vida é encontrar as diferenças interiores, para que nos completemos um pouco mais. O caminho para se chegar à mútua cumplicidade pode ser difícil, mas quando se chega lá, dificilmente se sai, a menos que a desilusão seja maior do que o esforço de dois seres em busca da união e da fidelidade. É assim que vejo o mundo, meu querido. Tu sabes como o contemplo mas nunca gostaste do meu pragmatismo e da minha individualidade. Nunca gostaste que eu soubesse mais que tu, tivesse conversas mais atraentes que tu, mostrasse interesse por diversas coisas ao contrário de ti. O teu lema passa pela monotonia e por mais umas quantas palavras derivadas do mesmo significado que ostentam o peso do teu corpo. Ficam-te bem porque nunca vi outras estampadas no teu rosto. Lembro-me de uma vez que foste passar férias a Londres e me trouxeste um presente. Devia ser o presente mais pindérico da cidade mas por ser teu tinha ganho um brilho diferente. Meti de lado o meu gosto delicado e agradeci, mas agradeci verdadeiramente – sempre gostei que me oferecessem presentes, por mais insignificantes que sejam. Uns tempos depois fui eu de férias. Trouxe o perfume que melhor cheirava e pedi à senhora para o embrulhar com um laço azul porque era a tua cor preferida. No primeiro jantar, após o meu regresso, entreguei-te o presente e a única coisa que me disseste foi que eu era esbanjadora e materialista, que haviam coisas típicas do país para se comprar, apesar de serem mais feias que o frasco de perfume e que o seu cheiro não fosse tão intenso como o do mesmo perfume. Mas não, eu tinha de ter comprado uma coisa caríssima para mostrar o meu bom gosto. Foram estas as tuas palavras, frias e rudes. Eu nunca soube tolerar a tua intolerância. Tenho-te a agradecer a forma como foste limando a minha vida, os meus costumes e as minhas maneiras de ser perante os outros – fizeste-me acreditar que as pessoas muitas vezes não sabem medir a intensidade das palavras nem a força dos seus gestos. Nunca mais te ofereci nada. Lição de vida número três mil oitocentos e vinte e dois – não se deve dar importância à incredulidade dos outros perante os nossos actos. Acabei por ficar com o perfume e ainda hoje o tenho sobre a cómoda, para recordar um dos dias em que fui intitulada como materialista e esbanjadora, e, mais importante que isso, um dos dias, mais um dia que te ganhei uma maior repugnância. Sabes que sou mulher de sentimentos vivos e intensos, colados à flor da pele, prontos a explodir pelo mínimo sopro dos momentos. Nunca consegui ficar calada, nem mesmo quando tinha a noção exacta que o devia fazer, por mais que pensasse que não. Quando era mais jovem, pensava que quando chegasse à fase adulta iria ter mais ponderância com os outros, mas essa imagem não passa de uma utopia que vai caminhando comigo, à medida que os anos passam por mim, como se fosse uma forma de adiar a perfeição da minha existência. Nunca gostei de correr atrás do vento, sempre preferi coisas e pessoas, tudo o que desse para agarrar quando sentia a necessidade de proteger, acariciar ou bater, formas intensas de viver os momentos, portanto. Juntos nunca fomos mais que duas almas caídas no desejo que nos unia. E demorei algum tempo a entender isso. Talvez um dos meus maiores defeitos é acreditar na veracidade das pessoas, estudar todos os seus conceitos e as suas características, apesar de nem sempre, ou quase sempre, não tirar conclusões positivas. Mais uma das formas que me faz crescer enquanto pessoa individual, que cada vez mais tenho a indispensabilidade de ser. Tu nunca compreendeste a necessidade de eu ficar presa às palavras e às recordações. Meu querido, se tu não te compreendes a ti quase por inteiro, diz-me, como é que vais compreender os que vivem ao teu redor? No dia que souberes realmente quem és e o que queres, pode ser que consigas ver o mundo de uma forma mais facilitada, porque as cores vão ter uma intensidade maior e as ruas vão ser feitas com limitações mais precisas e concretas. Pouco te importava o facto das horas que eu passava em casa, sentada em frente à secretária, a escrever para o jornal horas a fio, apenas com a caneca do café a fazer-me companhia. Mas, quando pensavas que eu estava tempo demais fora de casa, telefonavas-me a perguntar onde andava, porque é que não vinha para junto de ti. Nunca foste controlador, mas nunca gostaste de ser deixado de lado em momento algum. Quando queremos estar sempre presente nos momentos alheios, vamos enchendo um saco que se pode explodir na nossa direcção. E foi isso que foi acontecendo connosco. Como se a nossa vida fosse um balão de ar quente que teve um furo e que, consequentemente, descemos à realidade, à nossa verdadeira forma de estar na vida. Quando vivemos o amor, somos sempre isolados da razão. Fico feliz por poder contar hoje que já vive apenas dos sentimentos, das destrezas do coração e dos riscos que é amar.

domingo, julho 01, 2007

Vitoriosos

O calor da pele é mais forte que a presença sentida em redor. Isolo, num lugar chamado eterna memória, os momentos passados com pessoas que conseguem pintar a tela mais bonita da vida, pessoas que gritam vitória comigo, pessoas que transportam uma essência positiva, pedaços de mim que vou encontrando ao longo dos tempos. Agradecimentos. Pela forma como as sinto, devoto-lhes um carinho, um orgulho e uma admiração imensa. Os vitoriosos são aqueles que ganham a sua própria guerra.

segunda-feira, junho 18, 2007

Eu e Tu

E mesmo quando os dias perderem a cor a que nos habituámos

Vamos voar no meio da multidão

Tu pegas a minha mão e eu grito o teu nome

Num momento de explosão fingimos não ter chão

Eu vou feliz

Tu vais comigo

As nossas vozes juntam-se no desespero de saltarmos daqui

Deixaremos de lado o mundo em que vivemos

Procuramos o nosso lugar

É lá que os sonhos têm importância

E que os desejos desenham os nossos actos

Eu vou dizer-te que és mais que o resto

E tu, num silêncio profundo

Olhas-me nos olhos e beijas-me o rosto

É a prova que te pertenço

Que me amas com amor

sábado, junho 09, 2007

A Existência Humana



A existência não vive sem os humanos e os humanos não existem sem a existência, ou seja, a existência humana só por si é um único conceito pelo qual me vou reger para explicar a sua força e importância em mim.
Para mim não existe a problemática do sentido da existência humana. Não gosto da palavra sentido na arte de escolher e determinar caminhos, saber para que lado é que nos vamos virar, premeditar o nosso destino em torno de um sentido que fomos implementando em nós ou que nos implementaram. Gosto mais da palavra sentido na temática dos sentidos pelos quais nos vamos guiando – o maior exemplo do sentido é somente o nosso coração, e mesmo assim não lhe damos grande importância em muitas situações. Eu prefiro a liberdade, a opção de escolha num momento indefinido. Ora, se não gosto dessa palavra neste tema, não dou atenção à probabilidade de existir uma problemática nesse aspecto tão fundamental para mim que é a existência humana. É óbvio que existe um sentido na nossa vida, caracterizo-o antes como um objectivo, um modo de vida, uma personalidade que nos vai moldando ao longo dos tempos, princípios pelos quais nos regemos e que, de uma forma ou de outra, vamos conseguindo introduzir na nossa esfera. Sou mais radical, não considero que esse sentido da vida seja uma obrigação, temo-lo porque queremos, porque somos diferentes uns dos outros, daí deriva o facto de nem todas as pessoas terem objectivos de vida, de uns conseguirem vencer e outros nem tentam essa vitória. Considero que o verdadeiro sentido da vida vive em nós mesmos, e que a sua importância se revela quando tem de ser revelada.
A essência humana é viver. E viver é dar de nós a quem dá de si também. A existência humana não é simplesmente a vida, a existência humana é como algo independente, que tem cabeça, tronco e membros, que consegue viver sem o auxílio dos outros. Digo isto porque nem todas as pessoas pertencem umas às outras, ou seja, nem todas as pessoas têm uma existência humana em mim, daí considerar que a existência humana é independente, porque aquela pessoa que passou ao meu lado à duas horas atrás, que não conheço de lado nenhum, não deixa de ter menos essência e não deixa de ser menos humana que eu, só porque não me significa nada. Tudo se prende com a essência que nos dá a vida. A existência humana é a consequência de respirarmos, de falarmos e de sentirmos.
Quando temos de dar um sentido à problemática da existência humana, é porque algo não está a correr bem, pois a própria existência humana somos somente nós próprios, e se nos metemos em questão, nada é mais grave do que isso. Se o seu sentido está em nós, e se o perdermos, realmente, teremos de repensar no modo de vida que fomos adquirindo, a personalidade que ficou a desejar, a maneira de encarar as adversidades. Mas, apesar de tudo, não devemos meter em causa o sentido da nossa existência – voltando ao início – não gosto desse sentido, ter de escolher para que lado me vou virar, premeditar o caminho que vou percorrer. Então, se o sentido é o momento presente que vou conquistando, a minha existência só se encontra estável porque o meu presente está repleto de algo que me preenche o verdadeiro sentido da minha vida. E esse sentido é tão intocável que nem mesmo eu o consigo premeditar, mesmo que fosse uma pessoa que gostasse de o fazer.

domingo, maio 27, 2007

Deixa-os livres, para voltarem intactos


Não gosto de prender as pessoas que amo – isso seria sinónimo de perde-las com o passar do tempo – ninguém gosta de se sentir preso aos seres, ao tempo e aos hábitos. Normalmente, adquire-se melhor o costume de gostarmos de ficar atados às memórias e ao passado, para a partir deles construirmos o actual presente. Após uma obsessão, advém as repercussões desse mesmo acto, infiel às necessidades que o mesmo tem em cada um. Sabe melhor quando somos livres, deixados ao acaso, mas seguros em linhas invisíveis, infiltradas com sentimentos fortes e eloquentes, e somente com essas linhas seremos capazes de deixar o outro partir, sem destino, sem saber se o vamos ver daqui a uma hora ou daqui a um mês. A razão do sentimento, a fluidez de o expressarmos, é a forma do coração deixar de esperar algo mais, basear-se apenas na sua carência face ao outro. Quando se tem a vontade de se ir embora, deve-se ir, seguir os sentidos, deixar meio mundo perdido atrás das costas, pensar que se volta com a outra metade descoberta, com bagagens de memórias inesquecíveis, guardadas em nós, e vão construir o presente e o porvir. A imprevisibilidade acode à necessidade de não se prender os que nos significam mais que um nome, mais que uma saudade, mais que uma recordação – mais importante que isso, o que suprema é somente a sua essência em nós, a capacidade que tem de nos encher de histórias, palavras marcadas, preencher o espírito com um ar novo e absorvente. As sensações não seriam as mesmas se deixássemos o corpo estendido no mesmo lugar, o seu aroma não teria a mesma importância e a cor da pele, dos olhos, do coração e dos sentidos, perdiam-se na paisagem envolvente. Por isso, deixa-os livres, para voltarem intactos.

quinta-feira, maio 24, 2007

Ser mais velho

O bem-estar emocional é a nossa relíquia, e é através dele que criamos, ou não, a verdadeira doutrina que é ser e parecer mais velho do que aquilo que realmente somos.

domingo, maio 20, 2007

Gosto

Gosto de me sentar no chão frio a ler

Gosto de comer bolachas e chocolate branco

Gosto de sentir o frio a bater-me na cara

Gosto de andar na mesma rua de sempre quando volto para casa

Gosto de ter um quarto só para mim

Gosto quando os que amo me mandam mensagens

Gosto ainda mais quando me telefonam

Gosto de ler até não conseguir mais

Gosto de encontrar o que as pessoas tentam esconder

Gosto de ter objectivos na vida e gosto de ter muitas coisas para fazer

Gosto de viajar, viajar por Itália e pelo Mónaco

Gosto de comer alface

Gosto de amarelo

Gosto do Porto e de Lisboa

Gosto de uma boa companhia

Gosto de acreditar nos meus sonhos

Gosto de ir à última secção de cinema da noite

Gosto de escrever coisas que ninguém compreende

Gosto da voz daqueles que amo

Gosto de ouvir The Gift todos os dias

Gosto quando a mãe compra leite com baunilha

Gosto do meu espaço e da minha privacidade

Gosto de óculos de sol

Gosto de ver pilhas de papéis

Gosto de me sentir ocupada e útil

Gosto da luz do Sol

Gosto de roupa cara

Gosto dos dias de Verão

Gosto do brilho intenso dos olhos da irmã

Gosto de História, de Geografia e de Português

Gosto de ir para a escola a correr porque me atrasei

Gosto do cheiro do perfume dele

Gosto da maneira de ser dela

Gosto de tirar fotografias para um dia serem recordações

Gosto dos olhares que falam mais que muitas palavras

Gosto de comer gomas até não conseguir mais

Gosto de pessoas despachadas e sem papas na língua

Gosto de acordar tarde

Gosto de cheirar a roupa dos que amo

Gosto de ficar calada a ouvi-los

Gosto de os ajudar a comprar roupa

Gosto de telefonar quando estão doentes

Gosto de ver as pessoas felizes

Gosto de abraços que se desenrolam no tempo

Gosto de sorrisos grandes e de grandes sorrisos

Gosto de gelados a qualquer hora

Gosto de ter os que amo por perto

Gosto quando me escrevem

Gosto de me sentir livre

Gosto da cor da minha pele

Gosto de receber mimos

Gosto de lhes dar também

Gosto de manhãs, tardes e noites bem passadas

Gosto de perder eternidades a conhecer uma cidade

Gosto ainda mais de conhecer aquelas pessoas

Gosto também de conhecer os sentimentos

Gosto das palavras

Gosto dos silêncios

Gosto de peles morenas

Gosto de olhos cor de amêndoa e de olhos verdes

Gosto de limpar as lágrimas

Gosto de me sentar no jardim a ouvir o tráfego dos carros

Gosto que me limpem as lágrimas

Gosto de homens vestidos a rigor

Gosto das marcas que deixo na areia molhada

Gosto de improvisos

Gosto de convites, confissões e surpresas

Gosto do sabor de baunilha

Gosto que me telefonem só para ouvirem a minha voz

Gosto de amar

Gosto de ser amada

Gosto de coincidências

Gosto de ver quem passa quando estou na esplanada

Gosto de só ouvir a minha música quando corro as ruas da minha vila

Gosto de me sentir alegre

Gosto de cabelos ondulados

Gosto quando me tratam pelos meus dois nomes

Gosto de ver o pôr-do-sol

Gosto da aventura e da descoberta

Gosto de adormecer a pensar nos que amo

Gosto de acordar ao lado dos que amo

Gosto de ser reconhecida mas também gosto de reconhecer os outros

Gosto de tomar banho todas as manhãs

Gosto do cheiro da terra molhada

Gosto de almoçar fora sempre que posso

Gosto de comer torradas e leite quente preparado pela mãe

Gosto de estar longe para sentir a saudade

Gosto de rever os que deixei para trás

Gosto de passar férias com os que amo

Gosto das frases que vêm nos iogurtes

Gosto de guardar os bilhetes de cinema, metro, comboio e entrada em museus

Gosto de ser perdoada

Gosto de músicas com ritmo

Gosto também de músicas só com piano e voz

Gosto quando me dão conselhos

Gosto de tocar guitarra

Gosto do meu nome

Gosto de gostar de tudo o que gosto.

terça-feira, maio 15, 2007

Duas caras

"Não faço ideia nenhuma do que sinto por ti, mas também não interessa, porque, como para mim és duas pessoas e eu só gosto da segunda, deixo a primeira de lado e nem sequer penso nisso."

Margarida Rebelo Pinto.

segunda-feira, maio 07, 2007

L

Sinto um nó muito grande no peito. Eu não cuido muito bem de mim. Queria antes que cuidassem melhor de ti, porque és mais importante que eu. Mas agora, no momento em que chego a casa, alguém me diz que te tinham cuidado mal, que tu própria te tinhas cuidado mal. A atmosfera ficou em alvoroço, com um sabor acre, simplesmente porque eu não consegui medir a intensidade da minha explosão e da minha autenticidade medonha perante as adversidades. Prometo que não te vou assustar com as minhas lágrimas, com os meus suspiros e com os meus receios. Eu sou como uma folha de papel, que dança ao sabor da corrente do mar. Vou estar eternamente ao teu lado, porque é assim que eu faço com quem amo, com quem estimo, com quem me orgulho de ter por perto e de ter conhecido. Procura forças que elas existem por detrás de mais uma doença que te tenta corroer os movimentos, que não te deixa viver como querias, como eu queria, como todos queríamos. Tudo depende de ti. Normalmente a cura para metade dos nossos problemas depende de nós mesmos. Então pega nesse teu corpo, junta-lhe a inteligência, a pujança que guardas para estas situações e vence mais esta batalha. Não te vou prometer que no fim ganhes uma medalha, mas prometo que estarei na meta final para te dar um empurrão, se for caso disso, para te sorrir e dizer que chegaste ao meu porto de abrigo. Ao invés da medalha, ganhaste mais um pedaço de vida que te tentaram roubar. Não caias na armadilha de quereres compreender tudo o que se passa à tua volta, nem tentes perceber o motivo pelo qual isto tudo acontece contigo – metade do mundo poderá estar-se a lamentar neste momento, da mesma forma e ninguém vai solucionar nada partindo daí.

Agora preciso de descansar, meter a cabeça no sítio, limpar o rosto. Durante este compasso de espera, as horas vão ter mais minutos, o relógio vai ficar mais pesado, o tempo não vai fluir com a mesma pressa. Os dias vão demorar, o ar vai ser sufocante e não haverá paciência para tolerar o mundo. Por outro lado, dá-me um certo conforto em acreditar que tu vais ultrapassar mais esta dificuldade, porque és do meu sangue e tens a mesma garra que eu.

domingo, maio 06, 2007

A vida é um risco


"Viver à defesa é frequente, mas não deixa de revelar uma certa fraqueza nossa. Sabemos que sem risco não há crescimento e que tudo o que não cresce decresce.

Viver a vida pela metade mais segura é extraordinariamente seguro, mas não deixa de ser apenas meia coisa. Aceitar correr riscos passa por aceitar o desafio de ir mais longe, de poder errar ou falhar muito, mas, também, de poder ganhar tudo.

A coragem para correr riscos adquire-se cedo, logo nos primeiros anos, a partir das primeiras experiências. Os pais ou quem os substitui têm um papel importante na construção da nossa autonomia e da nossa atitude perante a vida. Neste sentido, podem ser muito condicionadores ou muito libertadores. A boa notícia é que esta nossa coragem de viver, por assim dizer, não depende exclusivamente da margem de liberdade e confiança transmitida por quem nos educou e ajudou a crescer. Ela existe em cada um de nós e pode ser cultivada em qualquer altura da vida, através de uma vontade forte e determinada.

Ou seja, podemos ter estado fechados até aqui, mas, a partir de hoje, também podemos querer arriscar viver com outra liberdade e o coração mais aberto.

Muitas vezes, tememos o sofrimento e evitamos os problemas a qualquer custo, mas, na realidade, o mal não é que existam problemas. Viver mal os problemas é que é o mal.

Passem todas as redundâncias, a grande questão é a desistência, o desânimo ou a falta de coragem para voltar ao caminho, sempre que tropeçamos ou caímos.

Como alguém disse, não importa tropeçar nem cair, só importa o tempo que demoramos a levantar-nos e a voltar a andar. Recuperar das quedas pode ser duro, mas também pode ser um tempo de inspiração e discernimento para ganhar forças e firmeza. O facto de uns demorarem mais e outros menos até ficarem outra vez de pé prende-se com a confiança que têm em si, nos outros e na vida.

O grande mistério é que é com os problemas e as dificuldades que crescemos e amadurecemos.

Mais, é na adversidade que melhor nos conhecemos. A nós próprios e aos outros.

Paradoxalmente, a experiência de dor e sofrimento faz-nos sempre crescer.

A condição essencial para avançar na vida é saber exactamente o que queremos, devemos tentar perceber com a mesma exactidão aquilo que não queremos. Tudo o que não nos serve, portanto.

O problema, muitas vezes, é distinguir o que é ou não importante, mas até para atravessar rios e pântanos existem regras e caminhos mais seguros.

Um critério possível e razoavelmente infalível passa por definir, à partida, qual o preço que estamos dispostos a pagar por aquilo que achamos verdadeiramente importante para nós.

A tentação de querer descartar toda e qualquer possiblidade de sofrimento é, porventura, o maior sinal. Sempre que desistimos à partida, com medo de vir a sofrer, é porque essa coisa ou essa pessoa afinal não são verdadeiramente importantes para nós.

Como distinguir, então, o que nos é essencial? Justamente, percebendo que estamos dispostos a dar tudo por aqueles que amamos. E atrevendo-nos a um passo em frente assumindo claramente que “isto é, para mim, muito mais importante do que aquilo”. Poucos nos atrevemos a fazê-lo, mas, sempre que conseguimos, ganhamos em liberdade interior, em confiança e realização pessoal. Em coragem, também. Por tudo isto e voltando ao princípio, insisto: a vida é um risco que vale a pena ser vivido."

Laurinda Alves, in Atitude XIS, um olhar positivo sobre a vida.


domingo, abril 29, 2007

A velha bruxa


Aquilo que nos vão dizendo ao longo da vida, bom ou mau, deixam marcas irrefutáveis na nossa memória. E não sabemos se o que nos estão a dizer é realmente verdade ou não; se seguirmos pela verdade, as nossas atitudes ficam presas à tentação de agir conforme o que nos dizem, nunca deixando de existir o outro lado da moeda.
Portanto, quando uma velha, que se diz ter um dom para ler o futuro e tudo o que nos aconteceu, vos ler a palma da vossa mão, têm duas opcções: ou acreditam parcialmente em tudo o que ela vos diz, ou pensam que é tudo uma fantochada. Mas há pontos intocáveis no vosso "eu" que jamais poderiam ser tocados e que a mesma velha, não vos conhecendo de lado nenhum, tocou e foi descobrindo.

O segredo está em medir a intensidade dos sentimentos e assim seremos mais felizes.

segunda-feira, abril 23, 2007

Guardo-te por dentro


Guardo-te por dentro. És demasiado importante para te perder. No meio da desordem, encontro a eterna certeza que pertences à mesma estrada que a minha, com o trilho traçado em tons vermelhos, a cor do nosso sangue. Não te procuro mais, aprendi a deixar o passado agarrado à minha memória por sequelas inesquecíveis. És assim, como uma perfeição nos actos que param quando me vês, como te se fosse retirar um bocado dessa tua carne, como se quisesse sentir esse teu toque quente que me assombra noites sem fim. Tudo o que és, foste tu que criaste. Mas ninguém criou o nosso amor, ninguém pediu autorização para criar uma esfera de vidro que não se parte. Espero que fiques por onde estás, não te aproximes porque não sei negar-te. Preciso que vivas em ti e que me deixes respirar o resto do mundo.

sábado, abril 21, 2007

Restos imortais do passado

Hoje que o coração estava em paz é que chegas, sentas-te sem pedir licença e respiras o mesmo ar que eu. Hoje que o céu estava limpo e brilhante é que me tentas conquistar com esse perfume que enfeitiça os sentidos. Hoje que o mundo estava feliz é que ficas perto de mim em quase todos os momentos e não me dás escapatória, mesmo que não entendas a firmeza dos teus actos impensados.
A tua pele é do mesmo tom que da última vez. O teu sorriso move mundos perdidos. Tentei negar o teu corpo, mais precisamente a intensidade da tua presença.
Não sei se queria a infinidade nas horas ou o disparo do final. Sentir-te a meu lado fazia-me lembrar algo que não vivia há muito tempo, mas fiquei com os movimentos parados, entorpecidos, numa noite diferente das outras todas. Gostas de brincar com o tempo, procurar no passado restos imortais que podem visitar o presente. É isso que gostas de fazer, mas não te dás conta da sua importância em mim.
Acabei por não sair do meu lugar com medo de te tocar. O céu e o mar vão continuar muito distantes.

segunda-feira, março 26, 2007

Não importa o que se ama



"Não importa o que se ama. Importa a matéria desse amor. As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse amor. As palavras são só um princípio - nem sequer o princípio. Porque no amor os princípios, os meios, os fins são apenas fragmentos de uma história que continua para lá dela, antes e depois do sangue breve de uma vida. Tudo serve a essa obsessão de verdade a que chamamos amor. O sujo, a luz, o áspero, o macio, a falha, a persistência."

Inês Pedrosa, Fazes-me falta!

domingo, março 25, 2007

A fuga etária



Cada vez mais tenho a necessidade de me interagir com pessoas de diferentes faixas etárias. Não sei ao certo a causa para este acontecimento, mas penso que passa, sobretudo, pelas diferentes características que cada faixa etária possui, e porque quando as pessoas têm os mesmos ideais e as mesmas formas de funcionar, acabam por explodir nas mínimas divergências. Ao contrário disso, posso encontrar um maior acordo nas opiniões de pessoas muito distintas de mim mesma, pessoas mais velhas, mais sábias, mais “vividas”, e o oposto, pessoas mais novas, que ainda não têm uma grande experiência de vida mas que sabem mais que muitas.

O respeito e a cumplicidade fazem parte do meu bolo diário, que todos os dias como uma fatia para ir agindo de acordo com os meus princípios. E não fugindo à questão inicial, acredito veemente que o respeito e a cumplicidade devem ser das maiores condições para um entendimento mútuo, quer tenham a mesma idade, ou não. Portanto, como eu acredito nas pessoas, acredito também que elas consigam interagir comigo de uma forma respeitável, ou seja, que respeitem os meus ideais (apesar de não ser a favor um idealismo concreto) e a minha forma de ser perante os outros, e que, ao mesmo tempo, sejam cúmplices dos meus sonhos, das minhas aventuras, dos meus desejos e das minhas mágoas.

Acabo por chegar sempre ao mesmo ponto, sem grande sentimentalismo agora, prometo. O ponto de olhar à volta, para a grande sociedade que somos todos nós e compreender que nem todos são feitos, ou como queiram, perfeitos, para interagir uns com os outros. Temos partículas que nos definem da esfera geral a que chamamos sociedade e que nem todas essas mesmas partículas coincidem umas com as outras. Pensemos antes que se trata de um puzzle e que é necessário as peças pegarem umas com as outras para formarmos um quadro bonito, ao menos para nós, que comprámos esse mesmo puzzle.

Então, não existe nenhuma lei que proíba o entendimento entre faixas etárias distintas. E por isso digo agora, com muito gosto, que consigo lidar na perfeição com pessoas de treze e catorze anos, assim como com pessoas de quarenta e setenta anos. Basta querermos ver o lado positivo de cada um. E esse esforço vale a pena, é com ele que se criam amizades muito fortes e muito inteligíveis, aos olhos de muita boa gente. Porque quando se está do lado de fora, não se consegue ter uma noção exacta da particularidade e das semelhanças que possam existir entre duas pessoas que nada tenham a ver em aspectos como o modo de vida, o estado civil ou até mesmo os gostos pessoais.

Que as fugas etárias possam comprovar as fortes relações que tendem a existir.

domingo, março 18, 2007

Dos jardins mais bonitos



















Preciso de dizer ao mundo que tens dos jardins mais bonitos que alguma vez vi. Cada pétala de cada flor tem um sabor diferente, uma vitória ou uma derrota suada e conquistada. Cada bago de terra transforma-se na grande caminhada que só existiu porque foi seguida por sentimentos rigorosos, presentes em todo o sempre. Por cima desse jardim, criaste uma esfera que eu consegui penetrar. Em volta, é tudo apaziguador, há magia em cada canteiro do espaço que foste floreando. Importa saber ao certo o nome que deste a cada flor, a cada recanto teu. Se existe lá a minha inicial, fico grata pela pétala, caso tenha o nome por inteiro, recordarei eternamente a flor que plantaste no teu jardim.