Quando o chá é partilhado por uma boa companhia, parece que tem um sabor melhor. Dois dedos de conversa numa noite de Verão, onde o vento sussurra à janela, como um amigo inesperado que bate à porta e pergunta se há espaço aqui. A brevidade dos momentos é mágica, parece que é preciso lutar contra o pouco tempo que temos para contar tudo o que há para dizer, porque há sempre algo para dizer. Uma música de fundo, que não se ouve porque a boca não se cala. Confissões de mais um dia, decisões que se vão tomar no futuro próximo e que se quer uma opinião de um amigo. Um amigo. Um amigo que preenche mais que toda a sabedoria do mundo, que tem mais cores do que o arco-íris, que encontra sempre o ponto certo para chegar a bom porto, quando quer.
E é maravilhoso chegar ao fim do dia e pensar, reflectir – que também é preciso – que, afinal, não estamos sozinhos nesta estrada, apesar de alguns trilhos difíceis de dominar, que nos metem à prova em todas as circunstâncias, há algo que prevalece. E, no fim, quem nos dizia que iríamos continuar? A força de algo que não é palpável mas que, se olharmos para dentro de nós, encontramos o seu brio – a força de uma amizade, de uma presença incontestável no nosso quotidiano que é tudo menos nosso.
