quinta-feira, maio 01, 2008

Comércio Justo & Alternativo

O mundo actual encontra-se dominado pela plutocracia, incutido nos princípios do lucro e da competitividade. O predomínio da conjuntura Norte-Sul apenas pressupõe o aumento da prosperidade económica dos ricos e dos influentes e o contínuo empobrecimento dos mais desfavorecidos.

Vivemos num mundo onde os grandes centros económicos continuam a implementar-se, com barreiras invisíveis, e as trocas comerciais galopam em torno da riqueza e do consumo exacerbado. Este é o mundo actual. E onde se insere a defesa dos Direitos do Homem? Como é que nós, consumidores presentes num processo à escala mundial, podemos concordar em beneficiar os senhores do mundo, e estes, ao mesmo tempo, continuarem a construir a sua riqueza à custa da pobreza alheia? Como é que nós, consumidores à escala global, compramos produtos, alimentares ou não, que são fabricados num determinado grupo de países, sem se olhar ao modo como são fabricados, nem por quem são fabricados, e muito menos as circunstâncias do seu fabrico?

Em pleno século XXI, pede-se constantemente o olhar, cada vez mais crítico, numa temática com que lidamos diariamente. Num período em que falamos em energias alternativas, podemos também questionar um tipo de comércio alternativo, cujos princípios não assentam no lucro e na competição, mas sim que encurtam a dicotomia Norte-Sul predominante. Num período em que a preocupação mundial se centra na questão ambiental, na racionalidade da utilização dos recursos fósseis e na diminuição de emissões de gases com efeito de estufa, porquê não pensar também em modificar hábitos e comportamentos enquanto consumidores, para melhorar a “nossa casa”?

Com este artigo, pretendo alertar a sociedade da existência de um outro tipo de comércio. Alternativo? Que seja. Um tipo de comércio que respeita e se preocupa com as pessoas e com o ambiente, que cria meios e oportunidades para os produtores (locais na sua maioria) melhorarem as suas condições de vida e de trabalho, que tem uma posição proteccionista dos direitos humanos, nomeadamente das mulheres e das crianças que são vítimas de abusos das leis laborais noutros tipos de comércio e produção, que promove a igualdade de oportunidades das trocas comerciais entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento e, sobretudo, que promove a sustentabilidade desses mesmos produtores através do estabelecimento das relações comerciais estáveis de longo prazo. Falo, portanto, do Comércio Justo, um tipo de comércio que fomenta todos estes factores, cada vez mais importantes, e que merecem especial atenção para qualquer tipo de consumidor.

Existe uma circularidade da questão – o predomínio da dicotomia Norte-Sul (países desenvolvidos vs países em desenvolvimento), apesar da existência de novas práticas comerciais alternativas.

Queremos, sem dúvida, um mundo melhor, mais justo, mais humano. Vamos mudar este mundo que é nosso, mesmo que seja por um dia, porque um dia pressupõe outro dia, e como o meu querido Zeca Afonso dizia, “seremos muitos, seremos alguém”.