"Haja o que houver, eu estou aqui",
Esta passagem requer alguma ponderação no seu emprego. Trata-se de uma sobrevalorização de algo ou alguém que está intimamente ligado à superioridade de um ponto com outro. Teremos de meter em questão os valores e os motivos pelos quais nos regemos quando valorizamos algo acima de tudo, criando indirectamente uma escala de importância entre pessoas, que normalmente conhecidas na esfera íntima de cada um terão a importância idêntica entre si. No entanto, em casos concretos da afectividade e intimidade, não é isso que acontece. Surgem pessoas mais importantes do que outras, momentos pelos quais vamos estar lá quando formos chamados, quando formos necessários e responderemos afirmativamente, ultrapassando outras pessoas ou outras situações, que nesta medida estão diminuídas de valor momentâneo. Trata-se, pois, de uma atitude de extremos e posições. Será complicado elaborarmos um esquema mental em que vamos inserindo as pessoas da nossa intimidade numa escala de importância. Requer, acima de tudo, confiança nessa mesma relação, para que, por alguma eventualidade, não respondamos positivamente ao chamamento, não haja desilusões, ou, por outro lado, quando formos nós próprios a fazer o mesmo chamamento, não aconteça o mesmo. Resume-se então a um risco acrescido nas relações pessoais que todos temos, porque somos humanos e não nos caracterizamos pela imunidade e indiferença perante o outro.
Existem diversos tipos de pessoas cujos comportamentos divergem. Há aquelas que não constroem a tal escala de importância, aqueles que preenchem a esfera pessoal estão ali, individualmente, característicos de uma importância medida através do afecto que se tem pelas pessoas em questão, cada um à sua maneira, visto que todas as pessoas são diferentes e daí surgir também a diferença no seu comportamento. Outras tentam forçadamente não criar a escala de importância, mas por circunstâncias inexplicáveis pela lógica humana, criam-se, directa ou indirectamente. Por exemplo, quando uma pessoa admite para si que a pessoa x irá estar naquele momento quando for necessário ou chamada de uma forma indirecta, cria-se assim a escala de importância, em que naqueles momentos concretos a pessoa x irá estar ali porque não haveria razão para não estar. Por fim, existem aquelas pessoas que criam decididamente essa mesma escala de importância, valorizando e sobrepondo umas pessoas às outras, sendo este o factor de risco como referido em cima. Traduz-se então numa coerência e plena confiança na pessoa em questão, visto que está valorizada acima dos outros e isso acarreta alguma responsabilidade, pois estará nos momentos certos de alma e coração, correndo e sobrepondo-se aos outros.
Visto que a liberdade está ligada a tudo o que nos diz respeito - e bem presente nas nossas atitudes e comportamentos, pensados ou não - podemos usufruir dela quando desejarmos e entendermos. Tudo isto centra-se no ponto principal da questão: sou livre de exercer os meus ideais e ninguém terá capacidade para os cessar, pois os valores humanos estão bem patentes.
