Excerto do meu livro, Encontros.
terça-feira, dezembro 19, 2006
Excerto
'Ele sentia-se igual ou mais infeliz. Não haveria solução, mas mesmo assim insistiu. Sentou-se ao lado dela e partilhou o chão frio. Partilhou algo mais quente, roubou-lhe um beijo e Matilde deixou-se levar. Precisava de sentir o amor novamente na pele. Em gestos amáveis, transportou-a novamente ao sentimento que se tinha perdido. Num rasgar de emoções, os dois corpos deixaram-se levar na leveza que é amar. A partilha íntima era inesperada, mas as suas almas necessitavam do alimento há muito pedido. Saborearam cada pedacinho do seu corpo como se fosse uma iguaria dos deuses. O silêncio fazia-se no quarto de Matilde. Ouvia-se apenas o tráfego de uma mera estrada secundária Lisboeta e o som das uníssonas respirações, folgadas. Havia um número de coisas a resolver, mas o fogo da paixão tinha de ser afogado nos lençóis. A plenitude era exorbitante. O tempo voltou-os a unir, estava predestinado. '
Excerto do meu livro, Encontros.
Excerto do meu livro, Encontros.
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Desculpa, não quero sentir mais
Desculpa mas agora não quero sentir mais. Pára o relógio do tempo. Muda o sentido do teu vento. Agora não tenho coragem de te sentir mais. Perdoa o meu medo. Deixa os teus passos no mesmo chão. Não mudes a cor da tua pele, será sempre assim. Fica perto do piano. Toca para mim, para o silêncio. Continua assim. Mas agora desculpa porque não quero sentir mais. Não vou conseguir preencher todas as linhas brancas do mundo. As palavras são mais importantes que isso. E não vou sentir mais. Não deixes a fonte secar nem deixes que o sol se perca. Mas eu agora não quero sentir mais. A música terminou.
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Talvez tivesse de ser assim
Talvez não tivesse de ser assim.
Numa tarde de domingo, fria e chuvosa, parei numa perfumaria de um centro comercial qualquer e comecei a procurar o ‘teu’ perfume. O teu cheiro, apenas teu. Ao encontrá-lo, fiquei nele durante algum tempo. Decidi não levar uma amostra do perfume nos papeis respectivos da perfumaria para não ficar pendente mas depois pensei que o mesmo perfume ficar-me-ia na memória da pele o resto do dia. Levei. Corri o centro comercial todo a cheirar-‘te’.
Tu, ainda és tão importante em mim que não perdi o sentido de coisas tuas, de coisas banais, tuas. Ainda oiço a música, ainda cheiro o perfume. Ainda tenho uma fotografia tua no meu placar, no meu canto. Ainda tenho o teu número de telefone e o teu e-mail. Ainda me lembro do teu sorriso e do teu cabelo. Do tom da tua pele e do contorno dos teus lábios. Do jeito e do carinho. Da ternura e da timidez.
Tu, fazes parte. Não se apagam velas que permanecerão hirtas ao sopro da saudade. E a sua cera será, contudo, os rastos de recordações deixadas ao acaso, num lugar qualquer.
Um dia telefono-te, haveremos de nos voltar a ver.
Talvez não tivesse de ser assim.
Numa tarde de domingo, fria e chuvosa, parei numa perfumaria de um centro comercial qualquer e comecei a procurar o ‘teu’ perfume. O teu cheiro, apenas teu. Ao encontrá-lo, fiquei nele durante algum tempo. Decidi não levar uma amostra do perfume nos papeis respectivos da perfumaria para não ficar pendente mas depois pensei que o mesmo perfume ficar-me-ia na memória da pele o resto do dia. Levei. Corri o centro comercial todo a cheirar-‘te’.
Tu, ainda és tão importante em mim que não perdi o sentido de coisas tuas, de coisas banais, tuas. Ainda oiço a música, ainda cheiro o perfume. Ainda tenho uma fotografia tua no meu placar, no meu canto. Ainda tenho o teu número de telefone e o teu e-mail. Ainda me lembro do teu sorriso e do teu cabelo. Do tom da tua pele e do contorno dos teus lábios. Do jeito e do carinho. Da ternura e da timidez.
Tu, fazes parte. Não se apagam velas que permanecerão hirtas ao sopro da saudade. E a sua cera será, contudo, os rastos de recordações deixadas ao acaso, num lugar qualquer.
Um dia telefono-te, haveremos de nos voltar a ver.
Talvez não tivesse de ser assim.
Subscrever:
Comentários (Atom)
