
a tua voz sabia-me a saudade. ainda assim distante de mim, eu recordava o teu cheiro, o eterno cheiro que eu deixei por momentos indefinidos, falta de afecto. falta de qualquer coisa que não tem nome no comum mundo dos mortais, ou tão somente no meu mundo. quando eu ouvi a tua voz, ouvi o passado também. ouvi as recordações, ouvi o que deixei para trás escrito nas páginas do meu coração, ouvi que ainda cá estavas para que eu te ouvisse. mas a conversa tornou-se tão banal que nem tomei bem atenção ao que me dizias e ao que eu te dizia. a conversa era tão superficial que me prendi mais na saudade da tua voz. continuámos a falar... no fim, o beijo de sempre, aquele beijo que eu gosto sempre. então desligámos. tu continuaste a tua vida e eu fiz a mesma coisa. tudo voltou ao normal mas a tua voz continuava-me a saber a saudade. saudade intensa, acesa, saudade triunfante de longos minutos. mas eu continuei. eu não precisava da minha saudade para nada. eu queria-me distanciar de ti para não sentir novamente a saudade. enrolei-me noutras coisas singulares e a saudade foi-se embora. mas, de que serve a saudade ir embora, se tu permanecerás sempre? eu gostei de ti desde o primeiro momento. belo. forte. esquisito. e ao longo destes anos todos ainda continuo a pedir o teu beijo, o teu abraço, o teu sorriso. apesar de me querer desligar, eu sei que isso é fantochada, jamais conseguiria. estarás sempre aqui. um beijo eterno.